Cuidados com o cão idoso

A idade adulta e a velhice no cão diferem de raça para raça, em geral as raças de pequeno porte vivem mais que as de grande porte, mas a idade que o cão atingirá também depende da criação e dos cuidados que recebeu durante a vida que dura entre dez e quinze anos em média.
Como acontece com os humanos, o pêlo pode ficar esbranquiçado com a idade e a pele mais frágil e flexível. Sendo assim, o dono deve ter cuidado para evitar ferimentos no animal, pois nesta idade a recuperação do organismo também é mais lenta e há uma diminuição no funcionamento do sistema imunológico, o que pode tornar perigosa uma inflamação. Existem alguns problemas de saúde típicos da idade avançada como a osteoporose, perda relativa da visão e do olfato. Além destas, existem outros problemas fisiológicos e de comportamento dos quais trataremos.
Dentre os problemas fisiológicos estão os cardíacos. Pode haver dilatação do coração ou problemas nas válvulas cardíacas. Pode ocorrer também a insuficiência renal crônica quando há perda de 75% dos néfrons dos rins. Este é um problema sério e deve ser tratado o quanto antes. Pode ocorrer acúmulo de tártaro nos dentes o que pode levar a infecções nas gengivas, mau-hálito e perda de dentes se não for retirado. Pode ocorrer também a "prisão de ventre", mas este problema tende a ser evitado por uma alimentação adequada.
Outros problemas, apesar de aparecerem em todas as idades, se tornam mais freqüentes no cão idoso como dermatites, problemas de visão e aparecimento de tumores benignos e de câncer.
O cão idoso pode apresentar gradual embranquecimento dos pêlos, principalmente no focinho e ao redor dos olhos. Seu pêlo pode se tornar mais fino e sem brilho, ainda que isto também possa ser sintoma de doença ou deficiências nutricionais.
A pele dos cães mais idosos torna-se mais fina, menos elástica e mais propensa a ferimentos. Alguns cães podem também desenvolver múltiplos tumores benignos de pele (ou verrugas) que não devem ser removidos antes de uma avaliação clínica.
Decréscimo na mobilidade
A artrite tem uma ocorrência bastante comum em cães idosos, especialmente em cães de grande porte ou em cães com um espaço maior entre as patas dianteiras e traseiras, como os Dachshunds e Bassets, raças com tendência a doenças intervertebrais (do IV disco). Cães que tiveram acidentes ou algum problema em suas articulações quando jovens também tem tendência a desenvolver artrite quando envelhecem. Assim como nos humanos, a artrite pode causar apenas um pequeno enrijecimento ou se tornar uma limitação debilitante e terrivelmente dolorosa. Os cães podem ter dificuldades em subir ou descer escadas, pular para dentro do carro ou mesmo erguerem-se rapidamente quando acordam.
Outra decorrência do envelhecimento: o sistema imunológico já não funciona de modo eficiente e o cão idoso está mais sujeito a desenvolver doenças infecciosas e, nestes casos, a infecção se apresenta com mais gravidade do que num cão jovem. É importante manter seu velho amigo com todas as vacinas em dia. Infestações de pulgas, carrapatos e vermes devem ser imediatamente combatidas.
À medida que o coração de seu amigo canino envelhece, ele perde um pouco de sua eficiência e deixa de ser capaz de bombear a quantidade de sangue necessária (num certo intervalo de tempo). As válvulas do coração perdem um pouco de sua elasticidade e isto também contribui para uma diminuição de sua eficiência de bombeamento. A válvula mitral é a que está mais comumente envolvida nestes quadros, especialmente entre as raças pequenas. Alguma mudança na função cardíaca é normal. Entretanto, as mudanças mais severas podem ocorrer em cães que tiveram algum problema cardíaco quando jovens, apresentam algum problema congênito ou, como nos humanos, quando estão muito acima do peso adequado. Exames para um diagnóstico correto devem ser feitos.
Os pulmões também perdem sua elasticidade durante o processo de envelhecimento e a capacidade de oxigenar o sangue também pode estar diminuída. Alguns problemas cardíacos podem fazer refluir líquidos para os pulmões que, gradualmente, ocupam o espaço do ar tornando o cão ofegante e facilmente cansável. Cães idosos também tem mais tendência a terem infecções respiratórias.
Com a idade, os animais correm um maior risco de doenças renais. Isto pode ser devido a mudanças no próprio rim ou como resultado da disfunção de outros órgãos, como o coração - que se não estiver funcionando direito, diminuirá o fluxo sanguíneo ao rim. A função renal pode ser medida através de exames bioquímicos no sangue e análise de urina. Estes testes podem identificar problemas antes que sintomas físicos os denunciem. O mais freqüente sinal de doença renal que pode ser observado pelos donos é o aumento marcado no consumo de água e na eliminação de urina, mas isso geralmente não ocorre até mais ou menos 70% da função renal estar perdida.
Apesar de o fígado ser um órgão incrível e único na sua capacidade de regeneração, envelhece do mesmo modo que os demais órgãos do corpo. Sua habilidade de desintoxicar o sangue e de produzir numerosas enzimas e proteínas diminui com a idade.
Algumas vezes as enzimas podem estar aumentadas de forma anormal num animal aparentemente normal e saudável. Outras vezes num animal com doença hepática aparente, a análise das enzimas acusa um resultado normal. Isto, naturalmente, dificulta bastante a interpretação destes testes.
E porque o fígado metaboliza muitos medicamentos e anestésicos, a dose destas drogas deve ser diminuída se a função hepática já não está mais normal. Testes pré-anestésicos devem ser realizados para evitarem problemas potenciais em caso da necessidade de alguma cirurgia.
Algumas glândulas tendem a produzir menos hormônios à medida que envelhecem, outras, ao contrário, tendem a produzir mais. Problemas hormonais são comuns em cães idosos, e a propensão de criarem problemas está, com freqüência, relacionada com a raça e/ou a linhagem. Os Golden Retrievers, por exemplo, tem uma tendência muito grande a desenvolverem hipotireoidismo. Exames de sangue auxiliam a diagnosticar tais doenças.
O homem e o cachorro são os únicos animais a possuírem próstata. Quando um macho, que não foi castrado, chega aos 8 anos de idade, ele tem 80% de chances de desenvolver doenças da próstata, mas estas raramente são cancerosas. Na maioria dos casos a próstata apenas alarga-se. O alargamento da próstata, entretanto, pode causar problemas para urinar ou defecar. Cães machos idosos, especialmente os não-castrados, deveriam ter sua glândula checada regularmente.
As fêmeas podem desenvolver algum enrijecimento das glândulas mamárias, com a idade, devido à infiltração de tecido fibroso. Neoplasia mamária, em fêmeas não-castradas, é bastante comum, tanto quanto nos humanos. Isso acontece a tal ponto que o câncer de mama é o tumor mais comum da fêmea idosa e também o mais maligno. As fêmeas idosas devem ter suas mamas checadas pelo veterinário regularmente e também por seus donos: basta virá-las de barriga para cima e apalpar suavemente cada mama, em busca de nódulos duros, verrugas ou outras alterações.
Os cães idosos têm tendência de acumularem mais gordura. Esta gordura também se infiltra na medula, que é a responsável por criar as células vermelhas no sangue (que são as células que carregam e distribuem o oxigênio no organismo), as células brancas (que combatem as infecções, etc.) e as plaquetas (que auxiliam a coagulação). Se a medula é substituída por gordura de modo exagerado, o cão pode tornar-se anêmico. Esta é uma das razões pelas quais é recomendado que os cães façam um exame completo de sangue como parte de seu check-up anual.
Temos sempre a preocupação em auxiliar o veterinário clínico em perfis de exames que lhe darão a ajuda necessária no esclarecimento do diagnóstico de cada caso. Veja abaixo alguns sinais e as respectivas doenças associadas em Cães Idosos. A partir desta hipótese diagnóstica você pode escolher os melhores exames a serem solicitados:
Doenças Comuns |
Sinais e Sintomas |
Exames (sugestões) |
Cálculos renais |
- Dificuldade de urinar e/ou sangue na urina; - Pode não demonstrar sinais. |
- Urina Rotina - Análise de Cálculo Urinário |
Doenças hepáticas |
- Mucosas pálidas ou amareladas; - Vômitos; - Perda de apetite; - Mudanças de comportamento; |
- Perfil Hepático - Bilirrubinas - Proteína Total e Frações - TGP (ALT) e TGO (AST) - Fosfatase Alcalina - Lipides Totais |
Anemia |
- Mucosas fracamente coradas. - Intolerância ao exercício; |
- Transferrina Capacidade de Ligação de Ferro - Hemograma Completo - Ferro Selico |
Obesidade |
- Pêlo despenteado, especialmente na região anal - Dificuldade para andar ou levantar-se; - Intolerância ao exercício; - Excesso de peso |
- Perfil Obesidade - Glicose - Glicemia e Creatinina - Colesterol Total - Colesterol Basal - TSH e T4 Livre - Hemograma Completo |
Diabetes mellitus |
- Vômitos; - Fraqueza, depressão; - Perda de peso; - Aumento da sede e micção;
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- Perfil Glicêmico - Glicose - Glicemia - Curva Glicemica - Frutosamina - Glicohemoglobina - Urina Rotina - Dosagem de Insulina |
Doença inflamatória intestinal |
- Diarréia; - Vômito; - Muco ou sangue nas fezes; - Aumento da freqüência da defecação. |
- Check Up Global de Funções - Exame Parasitológico de Fezes - Parvovirose (ELISA ou HA) - Coprocultura |
Doenças gastrointestinais |
- Vomito e diarréia; - Perda do apetite e de peso; - Sangue nas fezes; - Fezes enegrecidas (melena) |
- Check Up Global de Funções - Exame Parasitológico de Fezes - Parvovirose (ELISA ou HA) - Coprocultura |
Epilepsia |
- Animal apreensivo. |
- Análise de Liquor - Dosagem de Fenobarbital |
Olhos secos |
- Grandes quantidades de descargas amarelo - esverdeadas dos olhos; |
- Cultura com Antibiograma |
Doença de Cushing |
- Pele e pelagem fina; - Aumento de sede e micção; - Aumento do apetite; - Abdômen distendido (“barrigudo”) |
- Perfil Hiperadrenocorticismo - Hemograma Completo - Sódio e Potássio - Cortisol Basal - Uréia - Cortisol Pós Supressão com Dexametasona (duas ou três dosagens) - ACTH Hipersensível |
Hipotireoidismo |
- Ganho de peso; - Pele seca e fina; - Letargia, depressão; |
- Perfil de Hipotireoidismo - Hemograma Completo - Colesterol Total - Fosfatase Alcalina - T4 Livre - TSH |
Doenças prostrantes |
- Sangue na urina; - Urina concentrada; |
- Urina Rotina - Check Up Global de Funções |
Doença/insuficiência renal |
- Aumento do ato de urinar e sede; - Perda de peso; - Vômitos; - Perda de apetite; - Fraqueza; - Mucosas pálidas; - Diarréia; - Sangue no vômito ou fezes enegrecidas; - Úlceras orais e mau hálito; - Mudanças de comportamento; |
- Perfil Renal - Ureia - Creatinina - Proteína na Urina - Uréia na Urina - Urina Rotina |
Artrite |
- Dificuldade de permanecer de pé; - Dificuldade para subir degraus e/ou saltar; - Mudanças de comportamento – irritável/ recluso; - Perda de massa muscular; |
- Proteína C Reativa - PCR |
Cancêr |
- Inchaços anormais que persistem ou continuam a crescer; - Odor desagradável; - Sangramento ou descarga de qualquer órgão aberto; - Perda de apetite; - Perda de peso; - Feridas que não cicatrizam; - Dificuldade em comer ou engolir; - Hesitação ao exercício ou perda de resistência; - Dificuldade em respirar, urinar ou defecar; |
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