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Diabetes gestacional

Diabetes gestacional

A gravidez é um período de hormônios em ebulição no corpo de uma mulher. A placenta produz uma série deles, e alguns inibem a ação da insulina, substância responsável por levar a glicose do sangue para as células que precisam dessa energia. Durante a gestação, o pâncreas da mãe compensa esse desequilíbrio aumentando a produção da insulina. Em algumas, porém, esse contrapeso falha, os níveis de glicose aumentam e elas desenvolvem o diabetes gestacional.

Não é uma doença tão comum: ainda que os dados sejam antigos (da década de 1980) e provavelmente subestimados, eles apontam que a ocorrência se dá em torno de 7% das mulheres. O tratamento também não é complicado, baseado principalmente em uma dieta saudável e na prática de exercícios leves – o uso de medicamentos é indicado apenas quando as opções conservadoras não apresentam resultados ou se a taxa de glicose é alta já no diagnóstico.

Cuidado eficaz

Além disso, o diabetes durante a gravidez não persiste após o parto. Assim que o bebê nasce, o equilíbrio hormonal trata de regular o açúcar no sangue. O que não quer dizer que não haja riscos. Assintomática, a patologia requer atenção, pois pode gerar dificuldades tanto na gestação quanto na vida futura da mãe e de seu bebê.

“O diabetes gestacional pode levar a diversas complicações, mas o cuidado adequado é eficaz para a prevenção de qualquer desfecho ruim. Apesar de a paciente não ter sintoma nenhum, é importante a adesão ao tratamento para manter a glicose dentro da normalidade durante a gravidez”, explica a endocrinologista Lenita Zajdenverg, coordenadora do serviço de diabetes na gravidez da maternidade-escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e co-coordenadora do Departamento de Diabetes na Gravidez da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). Leia a seguir a entrevista exclusiva que Lenita concedeu à VivaSaúde.

O que é e como se desenvolve este tipo de problema?

O diabetes gestacional é definido pela presença de um alto nível de glicose no sangue que é verificado na gravidez. Este é um período fisiológico em que a mulher tem a tendência a segurar energia para poder propiciar o crescimento fetal, que depende completamente dos nutrientes maternos para seu desenvolvimento. Algumas mulheres com predisposição [ao diabetes] retêm uma parte maior desse suprimento energético, no caso a glicose, e isso faz com que elas comecem a manter uma quantidade maior de açúcar do que a necessária para atender ao feto. Isso acontece por um quadro que a gente chama de resistência de ação à insulina, que é um hormônio secretado pelo pâncreas. A placenta produz alguns hormônios que diminuem a ação da insulina e isso faz com que a glicose suba.

Existe um grupo de risco especial para a doença?

Não, a maior parte das mulheres não apresenta qualquer sintoma. Por isso o diagnóstico tem que ser feito através do exame de sangue. Porém há mulheres que estão mais predispostas a desenvolver o diabetes na gravidez: as mais obesas ou em sobrepeso, aquelas que ganham muito peso durante a gravidez, mulheres que engravidaram em idade mais avançada, as que têm histórico de ter tido bebês grandes em gestações anteriores, ou familiar, com pai, mãe ou irmão com diabetes.

Sem sintomas, como é possível fazer o diagnóstico?

O que se recomenda é que as gestantes, a partir da segunda metade da gravidez, façam um exame que se chama teste oral de tolerância à glicose. Ela colhe uma amostra para o exame de glicose de jejum, depois toma uma substância contendo açúcar – 75 g de glicose anidra – e mede a glicemia uma e duas horas depois dessa sobrecarga de açúcar. A partir do resultado, o médico faz o diagnóstico de diabetes gestacional.

Quando o tratamento tem início?

Imediatamente. A primeira coisa é (iniciar) uma dieta saudável e adequada. Não é perda de peso durante a gravidez, o que não é considerado saudável. Mas uma dieta equilibrada, evitando excesso de açúcar e carboidratos. Se a gestante não tiver contraindicação, e isso quem vai avaliar é o obstetra, recomenda-se também que ela faça atividade física. Se a mulher era sedentária antes da gravidez, a atividade física tem que ser leve, como uma caminhada, ou, se houver possibilidade, um exercício dentro da água, como a natação e a hidroginástica, que causa menos trauma articular. Mas se isso não resolve ou se os níveis de glicose são altos desde o diagnóstico, é indicado o uso de insulina, que é seguro durante a gravidez.

A doença é muito incidente?

O número de gestantes afetadas pelo diabetes gestacional é variado. Depende da população que você estuda. Por exemplo, mulheres de origem hispânica, mais obesas, têm predisposição e prevalência maiores. No Brasil, o último dado é do final da década de 1980: na época, acometia em torno de 7% de todas as grávidas. Provavelmente esse número está subestimado, já que isso vem aumentando por conta do envelhecimento da população, de um aumento na faixa etária das gestantes, e principalmente pelo aumento da prevalência da obesidade nessas mulheres em idade fértil.

A mãe e o bebê correm perigo?

A mulher com diabetes gestacional apresenta chance maior de desenvolver outras complicações na gravidez, como a hipertensão. Para o feto, o risco é o aporte de açúcar constante, excessivo, que faz com que ele ganhe peso. Isso pode fazer com que o útero “entenda” que o bebê já tem tamanho para nascer e levar a um quadro de prematuridade. O excesso de peso do bebê pode também causar traumatismos no ombro, por exemplo, na hora do nascimento.

O que esperar após o nascimento?

O fato de o bebê estar em um ambiente intrauterino com excesso de açúcar faz o pâncreas dele se acostumar com essa quantidade excessiva. Depois que ele nasce, pode acontecer o oposto e o bebê desenvolver hipoglicemia neonatal. Alguns estudos também apontam que filhos de mulheres com diabetes gestacional têm maior risco de desenvolver obesidade e diabetes tipo 2 na adolescência ou na vida adulta.

Dá para prevenir a enfermidade?

Como um dos principais fatores de risco é a obesidade ou ganho excessivo de peso durante a gravidez, uma forma de prevenir, se ela tem sobrepeso, é tentar emagrecer antes de engravidar, planejando a gestação. Uma vez grávida, é preciso evitar o excesso de peso ao longo da gravidez. Isso se consegue através de uma dieta saudável, adequada, sem excesso de calorias e gordura, e com atividade física.

Como cuidar-se após a gravidez?

Na maioria das pacientes a glicose volta ao normal. Mas o fato de ela ter tido diabetes gestacional cria uma tendência e boa parte dessas mulheres, especialmente após os 60 anos, pode desenvolver diabetes tipo 2. O que se recomenda é que toda mulher que teve diabetes na gravidez teste a sua glicose uma vez ao ano depois que o bebê nascer. Uma mulher que já teve diabetes na gravidez também tem um risco maior de desenvolver a doença em uma nova gestação, mas essa prevalência não é de 100%.

Fonte:  Revista Viva Saúde

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