AVC também afeta crianças,principalemente recém-nascidas
O AVC (acidente vascular cerebral), popularmente conhecido como derrame, ocorre com frequência e pode trazer sequelas incapacitantes, como alterações motoras, visuais, da fala e fraqueza muscular.
Entretanto, o que pouca gente sabe é que o derrame também pode acometer crianças, principalmente as recém-nascidas.
A neurologista dra. Maria Valeriana Leme de Moura Ribeiro, professora de neurologia infantil da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas), é responsável pelo centro de estudos de AVC infantil na instituição, que atende quase 200 crianças de diversas partes do país e conta com uma equipe multidisciplinar.
Segundo a especialista, a incidência de AVC nos adultos é de 250 casos para cada 100 mil habitantes. Nas crianças, o número é de 15 casos para 100 mil habitantes. Os casos podem ser pouco frequentes na infância, mas, de acordo com Ribeiro, são muito sérios. Diferente dos adultos, que em geral são acometidos pelo AVC por volta dos 60 anos, a criança costuma sofrer o acidente vascular cerebral em torno dos 10 meses de idade e, quando sobrevive, pode ficar com sequelas para o resto da vida. “Ela vai precisar de um suporte amplo, o que onera muito a família tanto em termos econômicos quanto emocionais”, esclarece.
Em São Paulo, de acordo com os últimos dados da Secretaria de Estado da Saúde divulgados em 2009, foram contabilizados 177 derrames em crianças com menos de 14 anos. Em 2008, foram 266 registros.
Até alguns anos atrás, o AVC infantil era classificado apenas como paralisia cerebral. A etiologia só é identificada em 25% das crianças que sofrem AVC. Portanto, a prevenção não é simples. Ainda assim, Ribeiro diz que há alguns fatores de risco que podem predispor ao AVC, como doenças cardiovasculares, infecciosas e hematológicas.
O AVC infantil é mais comum na faixa etária inferior a três anos de idade. Ocorre quando há “entupimento” ou obstrução de um vaso que leva sangue e oxigênio para o cérebro. A dificuldade é que criança recém-nascida não fala, então a mãe só costuma notar alguma alteração depois de dois, três dias do ocorrido.
“Se a criança, por exemplo, já está engatinhando seu movimento passa a apresentar falhas, fica torto, por ela ter dificuldade de mexer um dos braços, por exemplo. Se ela tiver tontura ou dor de cabeça, ninguém vai saber. Nesses casos, ela pode chorar muito e ir em direção à mãe, ou colocar a mão na região da cabeça e da orelha. As que estão começando a falar perdem a capacidade de silabação e emitem grunhidos”, diz ela.
Há casos também em que o bebê fica abatido, sonolento, sem mexer os braços e as pernas. Desmaios também podem ocorrer. A dica para os pais, nesses casos, é não aguardar e levar o bebê imediatamente para o pronto-socorro.
Fonte: www.drauziovarella.com.br