Diferença entre Vacina da Gripe do SUS e Particular
O Ministério da Saúde começou a distribuir nesta sexta-feira (01/04) as primeiras doses da vacina contra a gripe para os estados que quiserem adiantar a campanha de vacinação marcada para começar oficialmente no dia 30. O que motivou a decisão foi a antecipação do surto da doença que assusta principalmente São Paulo. Neste ano, já foram confirmados 305 casos de um subtipo da gripe Influenza A, o H1N1, em 11 estados e no Distrito Federal. Desde janeiro, 46 pessoas morreram em decorrência da doença no país. O número assusta porque já é maior que o total de 2015, quando 141 pessoas tiveram a doença e 36 foram a óbito. Até agora, em Minas, foram notificados três casos de H1N1, sendo que dois evoluíram para óbito. Por aqui, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) decidiu não mudar o período de imunização por considerar que o estado “apresenta um quadro dentro do esperado para a sazonalidade da Influenza”.
De um ano para outro, a vacina da gripe é alterada de acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) que leva em consideração os vírus que mais estão circulando em cada hemisfério. Professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, o pediatra e epidemiologista José Geraldo Leite Ribeiro lembra ainda que as vacinas de gripe têm eficácia de 6 meses a um ano, dependendo da reposta do indivíduo à imunização. “Mesmo que a vacina oferecida em 2016 fosse idêntica a de 2015, seria necessário repetir”, reforça. Coordenadora do setor de vacinas do Hermes Pardini, Marilene Lucinda afirma que na composição da vacina trivalente de 2016 consta a proteção para dois subtipos do vírus Influenza A, o H1N1 California e o H3N2 Hong Kong, e um subtipo da Influenza B, o Brisbane. A tetravalente, só encontrada na rede privada, oferece a proteção a mais para outro subtipo do vírus Influenza B, o Victoria. A presidente da Sbim, Isabella Ballalai, afirma que 80% dos casos de gripe que ocorrem no Brasil são do tipo Influenza A e 20% do Influenza B. “Os vírus da Influenza A e B são da mesma ordem de gravidade quando acometem indivíduos de grupo de risco.
É considerado grupo prioritário para a vacina da gripe idosos (acima de 60 anos), gestantes, mulheres no período de até 45 dias após o parto (puerpério), crianças entre seis meses e menos de 5 anos de idade, profissionais de saúde, indígenas, além dos doentes crônicos (pessoas que têm diabetes, asma, bronquite e hipertensão). A presidente da Sbim reforça que tanto a trivalente quanto a tetravalente são vacinas seguras, com eficácia igual, as mesmas indicações, as mesmas contraindicações e o mesmo esquema de doses. Ou seja, criança menor de 3 anos recebe meia dose de duas vezes com intervalo de um mês; criança menor de 9 anos, que nunca tomou a vacina da gripe, também precisa receber duas doses para garantir a imunidade e, no caso de adulto, é dose única.
A recomendação da Sociedade Brasileira de Imunizações é a vacina tetravalente. Isso por que, segundo a presidente da entidade, acontece de a aposta da OMS para o vírus da Influenza B que vai circular em determinado hemisfério não coincidir com o vírus que, de fato, vai predominar. “Na última década, a OMS errou em 50% das vezes a aposta de vírus da Influenza B que circularia no Brasil”, afirma Isabella Ballalai. A especialista reforça que os Estados Unidos são o único país que vacina toda a população contra gripe. As demais nações fazem como o Brasil e imunizam os grupos prioritários. “Não há vacina disponível no mundo para todos”, acrescenta.A incidência maior dos casos de gripe Influenza no Brasil ocorre no final do outono e início do inverno.