Filtros do bem
Os rins são órgãos essenciais para a vida. Apesar da sua importância, apenas nos preocupamos quando sua saúde já pode estar comprometida, já que suas deficiências são silenciosas.
Quando você acorda, a primeira coisa que sente ao abrir os olhos é que precisa ir ao banheiro. Mesmo sem perceber, dois pequenos órgãos localizados logo abaixo das costelas, que mais parecem grãos de feijão gigantes, estiveram trabalhando durante a noite toda: os rins. Silenciosamente, enquanto você dormia, eles filtraram todo o líquido que ingeriu no dia. Esse trabalho é feito 24 horas, sete dias por semana. Sem paradas, sem folga. Incansáveis, eles são capazes de filtrar de 1,5 mil a 2 mil litros diariamente.
Explicando de uma forma simplista, os rins têm duas funções básicas: reter substâncias essenciais para o funcionamento do organismo e eliminar as indesejadas, as chamadas toxinas. “São como filtros, só que ao contrário. Eles retêm a substância boa e eliminam as ruins”, resume José Carlos Cezar Ibanhez Truzzi, urologista do Fleury Medicina e Saúde. Mas a função dos rins não se resume a separar elementos bons dos maus, eles têm outros papéis essenciais para nossa vida. Um deles é induzir a eritropoetina, hormônio que estimula a médula óssea a produzir glóbulos vermelhos. Outra tarefa nobre é controlar a pressão arterial.
Todo líquido ingerido é imediatamente transportado para o sangue que, por sua vez, passa pelos rins para ser filtrado. O sangue é “tratado” por pequenos filtros, os nefrônios, cuja tarefa é separar a água, os sais e as matérias residuais. O líquido filtrado é composto de água e sais como sódio, cálcio, fosfato e magnésio. Essas matérias do bem são enviadas de volta à corrente sanguínea para abastecer os outros órgãos. O restante, o líquido do mal, com as toxinas, é transportado para a bexiga em forma de urina e é eliminado. “Nesse líquido, só tem o que o organismo não precisa”, afirma Nairo Sumita, médico patologista clínico e assessor da Bioquímica Clínica do Fleury Medicina e Saúde.
Em silêncio
Apesar da sua importância vital, as doenças crônicas dos rins são silenciosas e, muitas vezes, quando se percebe que algo está errado, o problema já está em um estágio avançado. De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), um em cada dez brasileiros tem problemas nos rins. Esse porcentual pode aumentar de 30 a 50% em pessoas acima de 65 anos.” Quando há uma diminuição da filtragem, os sintomas aparecem em uma fase muito tardia. Uma das maiores preocupações médicas é tentar a detecção precoce de doenças que ainda não se instalaram”, afirma Nairo.
O cálculo renal ou pedra nos rins é uma formação de sais que solidificam. Embora isso ocorra por uma série de fatores, uma boa ingestão de líquidos pode ajudar a evitar o problema. “O cálculo renal só é percebido se ele se deslocar. Nesse caso, o paciente sente uma forte dor, o que o acaba levando ao médico”, diz Truzzi, citando outros problemas que afetam o rim, como o diabetes.
De bem com os rins
Para saber se os rins estão funcionando bem, dois exames de sangue são fundamentais: o de creatinina e o de ureia. “A creatinina, por exemplo, não é produzida pelos rins, mas oriunda da atividade muscular. Ela precisa ser eliminada do organismo e quando o rim perde essa capacidade, há a elevação da creatinina no sangue, o que pode indicar alguma insuficiência renal”, afirma Nairo. Além dos exames, recomenda-se observar a quantidade de vezes que vamos ao banheiro urinar: o ideal é de 3 a 4 vezes ao dia. “Quando a urina está mais escura significa que a quantidade de água ingerida está abaixo do ideal”, afirma o médico. O abuso do sal é maléfico porque aumenta o volume de líquido no sangue e, quanto mais líquido na corrente sanguínea, maior a pressão arterial. Tabagismo, obesidade e diabetes também são fatores de risco para as doenças renais.
Fonte: Revista Fleury Medicina e Saúde.