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INCIDÊNCIA DE SÍFILIS EM MUNICÍPIOS DO MEIO OESTE DE SANTA CATARINA

INCIDÊNCIA DE SÍFILIS EM MUNICÍPIOS DO MEIO OESTE DE SANTA CATARINA

Carina Patussi Klann e Viviane de Pelegrin


Introdução
A sífilis é uma infecção de caráter sistêmico que pode acometer vários órgãos do sistema, causada pelo Treponema pallidum (T. pallidum), exclusiva do ser humano. O não tratamento precoce, pode evoluir para uma enfermidade crônica na qual suas sequelas são irreversíveis à longo prazo. Durante a evolução natural da doença, ocorrem períodos de atividade com características clínicas, imunológicas e histopatológicas distintas, intercalados por períodos de latência, durante os quais não se observa a presença de sinais ou sintomas (JANIER et al., 2014; BRASIL, 2015).
É transmitida predominantemente por via sexual e vertical, podendo produzir, respectivamente, a forma adquirida ou congênita da doença. Durante a gestação o teste de detecção de sífilis deve ser realizado pelo menos duas vezes, no primeiro e terceiro trimestre. A infecção da criança pelo T. pallidum a partir da mãe acarreta o desenvolvimento da sífilis congênita sendo responsável por altas taxas de morbidade e mortalidade, podendo chegar a 40% a taxa de abortamento, óbito fetal e morte neonatal (BRASIL, 2015; HORVÁTH, 2011; LUMBIGANON et al., 2012).
Atualmente a sífilis ainda permanece como um problema de saúde pública no Brasil, afetando adultos e também crianças que são contaminadas durante a gestação. Mesmo existindo tratamento e meios de diagnóstico eficazes, a prevalência da sífilis demonstra que seu controle envolve relações complexas da sociedade, que vai desde o sexo seguro adotado no âmbito individual até ações de saúde pública, proporcionadas pelo governo (BRASIL, 2005 SCHMID, 2004).
Como a sífilis é facilmente diagnosticada pelo VDRL e, com eficácia tratada pela penicilina, a não realização do pré-natal é considerada como um dos principais fatores responsáveis pelos casos de sífilis congênita (ARAUJO, 1999). Muitas pessoas ainda não levam a doença e a prevenção a sério, pois a percepção é de que a sífilis é uma doença banal, já que é curável. Se não tratada, pode comprometer gravemente o sistema nervoso central, o sistema cardiovascular, além de órgãos como olhos, pele e ossos do paciente. A doença avançada, apesar de rara nos dias atuais, pode levar à morte (WILSON e POZZO, 2015).
Este estudo tem como objetivo verificar a incidência da sífilis em municípios da região meio oeste de Santa Catarina.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo, desenvolvido por meio de série temporal entre 2005 a setembro de 2016, com uma abordagem quantitativa, realizado em municípios do meio oeste catarinense. A população do estudo foi composta por casos identificados em laboratórios de análises clínicas da região meio oeste e engloba casos de sífilis adquirida, congênita e em gestantes. O instrumento de pesquisa foram os registros do banco de dados dos sistemas laboratoriais.
Para proceder à análise, primeiramente, os dados foram digitados em planilhas de cálculos dos programas Microsoft Office Excel e em seguida analisados por meio da estatística descritiva, utilizando-se de cálculos de frequência simples, os quais serão apresentados por meio de gráficos.
Resultados e Discussão
O VDRL (teste não treponêmico) é o teste mais utilizado para diagnóstico de sífilis. Ele positiva entre 5 e 6 semanas após a infecção e entre 2 e 3 semanas após o surgimento do cancro. Podem ser titulados e por isso são importantes no controle da cura. Títulos iguais ou maiores a 1/16 sugerem fortemente casos de sífilis. Títulos inferiores, geralmente até 1/8, são encontrados em diferentes doenças e como títulos residuais (cicatriz sorológica) de sífilis anteriormente tratada (GOLIN, 2015). Não existe vacina contra a sífilis, e a infecção pela bactéria causadora não confere imunidade protetora. Isso significa que as pessoas poderão ser infectadas tantas vezes quantas forem expostas ao T. pallidum (BRASIL, 2016).
Os dados apresentados neste estudo correspondem ao diagnóstico de sífilis pelo VDRL e confirmados através de teste treponêmico, fornecidos por laboratórios da região meio oeste de Santa Catarina e que podem ter sido notificados ou não ao SINAN.
No período entre o ano de 2005 a setembro de 2016 ao todo 535 novos casos de sífilis foram diagnosticados na região. Sendo a partir do ano de 2012 que se evidenciou o aumento do número de casos diagnosticados em laboratórios da região. No ano de 2014, 118 novos casos foram diagnosticados, sendo o ano que apresentou o maior número. Em 2015 foram 100 casos e em 2016 até o mês de setembro já tinham sido diagnosticados 85 novos casos (Gráfico 1).
As notificações de casos de sífilis em Santa Catarina aumentaram quase 50% em 2015 e está relacionada com o descuido no uso da camisinha. De forma alarmante, 5.427 novos casos de sífilis foram registrados em Santa Catarina em 2015. Foram também notificados 1.157 casos em gestantes. Nos últimos cinco anos, 10.110 pessoas foram diagnosticadas com sífilis no estado. (WILSON e POZZO, 2015).

De acordo com o sexo dos casos diagnosticados, o sexo feminino ficou em evidência na maioria dos anos, principalmente a partir de 2013. Porém, em anos anteriores como em 2008 e 2012 foi o sexo masculino que se evidenciou (Gráfico 2). A maioria dos casos apresentava a faixa etária entre 21 e 49 anos e foram relatados apenas 5 casos positivos de crianças com idade inferior a 2 anos realizando o primeiro teste. O aumento do número de mulheres sendo diagnosticadas com sífilis se deve ao acesso aos testes no pré-natal.
No Brasil, na ultima década, observou-se um aumento de notificação de casos de sífilis em gestante que pode ser atribuído, em parte, ao aprimoramento do sistema de vigilância epidemiológica e a ampliação da distribuição de testes rápidos (BRASIL, 2016). Em 2012, um estudo apontou que o acometimento de gestantes com sífilis está relacionado a mulheres jovens na faixa etária entre 20 a 24 anos, etnia branca e de baixa escolaridade (AQUINO e SILVA, 2016).


Os números de casos de sífilis adquirida também aumentaram de acordo com o último boletim epidemiológico de 2016 (Figura 1). Sendo que a região sul revelou um expressivo aumento no número de casos entre o ano 2010 a 2015. No presente estudo não foi possível fazer a distinção dos casos femininos se estas eram gestantes ou não devido a falta de informação da história clínica da paciente.


No gráfico 3 os dados são apresentados de acordo com o município em que foi feito o diagnóstico de sífilis entre o ano de 2005 e setembro de 2016. O maior número de casos foi encontrado em Joaçaba (126 casos), seguido por Herval d’Oeste (86), Campos Novos (69), Capinzal (46), Luzerna (30), Treze Tílias (25), Catanduvas (18), Vargem Bonita (18), Ibicaré, Lacerdópolis e Monte Carlo apresentaram 16 casos cada município, Ibiam (15), Pitaruba e Salto Veloso (11 casos cada município), Erval Velho (8), Jaborá (6), Água Doce (5), Brunópolis e Videira (3 casos cada município), Ipira e Tangará (2) e Marombas com 1 caso diagnosticado.

Em 2015 foram notificados 65.878 casos de sífilis adquirida no Brasil, na região sul foram 6.332 casos e em Santa Catarina a sífilis adquirida expressou 3.021 novos casos no ano. No mesmo ano a sífilis em gestante apresentou notificação de 33.365 casos, no sul foram registrados 6.005 casos, observou-se uma taxa de detecção de 11,2 casos de sífilis em gestante/mil nascidos vivos, o sul superou a taxa com 15,1 casos de sífilis em gestante/mil nascidos vivos, Santa Catarina contribuiu com 1.235 casos. Já a sífilis congênita em 2015 teve notificação de 19,228 casos em menores de 1 ano de idade no Sul foram registrados 14,3% de incidência, já Santa Catarina apresentou 453 casos com uma taxa de 4,9 mil nascidos vivos. (BRASIL 2016)

Conclusão
Alguns dos principais fatores que estariam relacionados ao aumento dos casos de sífilis podem ser: relaxamento das medidas preventivas por parte das autoridades de saúde e agentes de saúde, a precocidade e promiscuidade sexual, automedicação, desconhecimento por parte da população sobre a gravidade da doença, AIDS, uso de drogas e a falta ou inadequação da assistência pré-natal.
Com o objetivo de verificar a incidência da sífilis em municípios da região meio oeste de Santa Catarina, os resultados este estudo mostram o aumento dos casos diagnosticados por laboratórios da região e que podem servir como informação à população e aos órgãos públicos para que sejam adotadas medidas de prevenção mais eficazes na transmissão da doença, principalmente nos municípios em que apresentaram maios incidência.
Referências bibliográficas

ARAUJO EC - Sífilis congênita: Incidência em recém-nascidos. Jornal de Pediatria. 1999; 75 (2): 119-25.

AQUINO, G T; SILVA H C G. Perfil das mulheres portadoras de sífilis gestacional em Santa Catarina no ano de 2012. Arq. Catarin Med. 2015 out-dez; 44(4): 72-81

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Diretrizes para o controle da sífilis congênita. Brasília: Ministério da Saúde. 2005

BRASIL. Organização mundial da saúde. Diagnóstico laboratorial de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo o vírus da imunodeficiência humana. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.

BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis, Aids e Hepatites Virais. Manual técnico para diagnóstico da sífilis. Brasília, Ministério da Saúde, 2016.

GOLIN, N. A. Sífilis adquirida: diagnóstico e tratamento. Agosto de 2015

HORVATH, A. Biology and natural history of syphilis. In: GROSS, G.; TYRING, S. K. (Ed.). Sexually transmitted infections and sexually transmitted diseases. [S.l]: Springer, 2011. p. 129-141.

JANIER, M.; HEGYI, V.; DUPIN, N. et al. European guideline on the management of syphilis. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, [S.l.], v. 28, p. 1581-1593, Dec. 2014.

LUMBIGANON, P. et al. The epidemiology of syphilis in pregnancy. International Journal of STD & AIDS, [S.l.], v. 13, n. 7, p. 486-494, July 2012.

SCHMID, G. Economic and programmatic aspects of congenital syphilis prevention. Bulletin of World Health Organization, v. 82, n. 6, June, 2004.

WILSON, L. e POZZO, P. Núcleo de Comunicação. Diretoria de Vigilância Epidemiológica. Secretaria de Estado da Saúde. Disponível em: http://www.dive.sc.gov.br/index.php/arquivo-noticias/271-notificacoes-de-casos-de-sifilis-em-santa-catarina-aumentam-quase-50-em-2015. Acesso em novembro de 2016.

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