Infecção pelo HPV é uma das doenças mais prevalentes no mundo
O HPV - vírus que provoca multiplicação de células epiteliais que revestem a pele e as mucosas - está entre as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) de maior incidência no mundo. Estima-se que pelo menos metade das pessoas sexualmente ativas tiveram contato com o vírus em algum momento de suas vidas. No Brasil, de 5 a 30% das pessoas infectadas apresentam mais de um tipo de HPV.
Segundo o doutor Guenael Freire, médico especialista em infectologia do Hermes Pardini, "felizmente, na maioria dos casos, a infecção pelo HPV não é grave, ocorrendo até mesmo sem sintomas e resolvendo-se espontaneamente, sem qualquer tratamento". Entretanto, Guenael alerta para as doenças provocadas pelo vírus e para a necessidade de informação das pessoas sobre o que é exatamente o HPV e as formas de prevenção.
A infecção pelo HPV pode provocar doenças graves, como lesões na vagina, pênis, ânus e o câncer de colo do útero. Cerca de 10% das mulheres infectadas apresentam infecções persistentes. "A resposta imunológica é responsável pela eliminação do HPV, mas em alguns casos, o vírus se torna latente e inativo, podendo causar doenças muitos anos após o contágio, mesmo em pessoas com relações monogâmicas", explica Guenael.
O que é o HPV
É um vírus (como o da imagem abaixo/versão digitalizada e de humanos) presente em humanos e animais, mas são específicos de cada espécie, portanto só os tipos específicos acometem o homem (vírus do papiloma humano). Existem mais de 100 tipos de HPV humano sendo que alguns preferem a pele, causando, por exemplo, verrugas, e outros têm preferência por mucosas (revestimento interno dos órgãos genitais, boca, região anal, etc). Mais de 40 tipos infectam as mucosas-colo do útero, vagina, vulva, reto, uretra, pênis e ânus. O tipo 16 tende a ser mais persistente, mas na maioria das vezes se resolve em dois anos.
O vírus assombra mais as mulheres, devido à probabilidade do câncer de colo do útero. Por isso é importante que a mulher diagnosticada com algum dos tipos mais graves tenham acompanhamento médico, permitindo assim o tratamento adequado antes que o câncer se instale.
O HPV é transmitido durante o contato de pele com a pele, muito frequentemente durante a relação sexual com penetração, embora a transmissão possa ocorrer sem penetração e no sexo oral. Guenael explica que mulheres virgens raramente apresentam infecção pelo HPV (menos que 2%). "Quanto maior o número de parceiros, maior é o risco de infecção", conclui.
Mulheres suscetíveis ao contato pelo HPV
- Número de parceiros elevado;
- Juventude (menos que 25 anos);
- Primeira relação sexual antes dos 16 anos;
- Parceiro com múltiplas parceiras.
HPV em homens
Grande parte da população ouve falar sobre o HPV em mulheres, mas o vírus afeta também os homens. ?O câncer de pênis pode ocorrer em homens infectados, mas é bem menos comum. Outra localização possível de câncer é na região anal, principalmente em pessoas portadoras do HIV?, explica Guenael. Outro fato relevante é que a infecção pelo HPV é comum em relações homossexuais entre homens.
HPV em crianças
O HPV pode ser transmitido da mãe para o bebê durante o parto, caso a mãe esteja infectada. A complicação mais frequente é o surgimento de verrugas laríngeas na criança, embora não seja comum. Recomenda-se que as mulheres com condilomas (verrugas) grandes na via de parto sejam submetidas à cesariana.
Tipos de HPV
Os tipos se dividem em duas categorias: a primeira está associada mais com lesões cancerígenas (alto risco) e a segunda, com verrugas genitais (baixo risco). Os tipos 6 e 11 são os mais comumente associado às verrugas (condiloma acuminado) e os tipos 16 e 18 são mais relacionados à lesões malignas.
Vacina
A doutora ×Marilene Dias, responsável técnica da área de vacinas do ×Hermes Pardini, ressalta que avacinação é aconselhável antes do início da atividade sexual, mas as pessoas que já iniciaram também devem receber a vacina. "É recomendável a vacinação entre 9 e 26 anos de idade, em homens e mulheres, em três doses durante o período de seis meses".
A vacina tem eficácia de 100%, protegendo as pessoas dos sorotipos mais comuns. Existem dois tipos de vacinas: a Bivalente, que protege contra os sorotipos 16 e 18, que são os principais causadores do câncer de colo de útero e outros cânceres genitais; e a Quadrivalente, que protege contra os sorotipos 6 ,11, 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos cânceres cervicais e 90% dos condilomas ou verrugas. Atualmente, a única vacina aprovada para aplicação em homens é a Quadrivalente. Tanto a Bivalente, quanto a Quadrivalente, são aplicáveis em crianças.
Marilene alerta para a importância da vacinação, mesmo que a pessoa já tenha contraído o HPV, pois permanece susceptível à infecção por outros sorotipos. Além disso, ela pondera que "a vacina não dispensa o exame preventivo das mulheres e o sexo seguro, pois não protege contra todos os tipos de HPV e tampouco de outras doenças sexualmente transmissíveis".
Como diagnosticar o HPV
Nas mulheres: pode ser pesquisado em material proveniente de qualquer local da região genital (colo do útero, vagina, vulva) e região perianal, com o uso de escovinha especial. O vírus também pode ser identificado no material coletado para o exame preventivo. Existe ainda o PCR (reação de cadeira de polimerase), técnica que identifica o DNA viral. Os mesmos materiais biológicos acima podem ser utilizados. O exame pelo método PCR apresenta como vantagem a capacidade de definir qual é o tipo viral. Até o momento, não há exame de sangue capaz de determinar se existe ou não infecção pelo HPV.
Nos homens: no caso de verrugas genitais, a característica clínica é muito sugestiva e geralmente não são necessários exames complementares. Caso não haja lesões, um exame que pode ser útil é a captura híbrida do HPV, que pesquisa a presença do DNA viral e classifica o vírus encontrado em alto ou baixo risco. O material utilizado geralmente é o raspado dérmico. O uso de escovinha especial é recomendado para pesquisar o vírus na região retal.
Tratamento
Para as lesões verrucosas, substâncias cáusticas (ex. alguns ácidos), crioterapia (congelamento) e cirurgia são alternativas possíveis. Já para lesões iniciais em colo de útero, a cauterização geralmente evita a progressão para o câncer, por isso é tão importante a realização de exames preventivos na mulher. Quando o exame preventivo mostra alterações mais intensas, pode ser necessária a realização de biópsia do colo de útero para definir o tratamento.
Fonte: Hermes Pardini.