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Obesidade e sedentarismo têm relação com o câncer de próstata

Obesidade e sedentarismo têm relação com o câncer de próstata

Condições podem interferir no diagnóstico e gravidade da doença

O  câncer de próstata é a segunda neoplasia mais comum nos homens e a terceira que mais mata. Ao lado da disfunção erétil, do infarto e do derrame, representa um dos fantasmas que assombra o envelhecimento masculino. Nada mais sensato, portanto, do que procurar adotar todas as medidas possíveis para evitar o problema. Quando o objetivo é prevenir uma doença, o primeiro passo é identificar os chamados fatores de risco. Ou seja, saber quais as condições que, quando presentes, aumentam a chance da doença aparecer. Fazendo um paralelo com as doenças cardiovasculares, podemos exemplificar que pressão alta é um fator de risco para o desenvolvimento do acidente vascular cerebral, o derrame. Portanto, controlando os níveis de pressão, tratando a hipertensão arterial, o risco de sofrer um derrame diminui.

No caso do câncer de próstata, os fatores de risco reconhecidos são: a idade, a etnia negra e a história familiar positiva. Quem é mais velho, negro, ou tem um irmão, pai ou avô que teve câncer da próstata apresenta maior chance de desenvolver este tipo de câncer em comparação aos que não possuem essas características. Infelizmente, esses fatores não podem ser modificados e indicam uma idade mais precoce para iniciar os chamados exames periódicos: 40 anos. Os demais podem iniciar aos 45 anos.

Por outro lado, existem situações que influenciam o risco do câncer e são passíveis de modificação. Estudos publicados na literatura científica apontam que a obesidade, a dieta rica em gorduras e o sedentarismo poderiam favorecer o desenvolvimento dos tumores na próstata, inclusive estimulando alguns tipos de tumores com um comportamento mais agressivo.

Por outro lado, existem situações que influenciam o risco do câncer e são passíveis de modificação. Estudos publicados na literatura científica apontam que a obesidade, a dieta rica em gorduras e o sedentarismo poderiam favorecer o desenvolvimento dos tumores na próstata, inclusive estimulando alguns tipos de tumores com um comportamento mais agressivo.

A obesidade se relaciona com o câncer da próstata de diferentes maneiras: pode significar um fator de risco, pode interferir na dosagem do antígeno prostático específico (PSA) ao provocar uma diluição desta substância no sangue, pode dificultar o exame do toque retal e a realização da biópsia da próstata e, finalmente, pode interferir no comportamento do tumor, interferindo no prognóstico. Todas essas são situações em estudo, pois ainda não há certeza entre os médicos sobre nenhuma das relações citadas.

O desafio atual é encontrar, além dos fatores de risco, os indicadores de prognóstico que permitam precocemente ao médico saber quais os tumores que merecem ser diagnosticados e tratados de maneira definitiva

Mas qual a explicação para a interferência da obesidade sobre a próstata? O possível mecanismo por trás da influência negativa da obesidade sobre os tumores prostáticos seria a alteração hormonal decorrente do excesso de tecido adiposo, que causaria mudanças nos níveis de testosterona, estrogênios, insulina, adiponectina, leptina e substâncias inflamatórias, que em conjunto provocariam uma maior atividade de multiplicação das células neoplásicas. Estudos recentes demonstraram de forma consistente que homens com um índice de massa corporal (IMC) acima de 30 kg/m² têm tumores maiores e mais agressivos em comparação aos que apresentavam IMC inferior a 25. Esta observação, todavia, não permite que se conclua de forma definitiva que a obesidade causa câncer de próstata mais agressivo. Existem outras possíveis explicações: talvez o fato de o PSA estar falsamente reduzido tenha retardado a indicação da biópsia e consequentemente o diagnóstico e a cirurgia para tratar o câncer, levando ao resultado do estudo sem significar uma relação de causa e efeito.

A relação entre a atividade física regular com a incidência de câncer de próstata tem menor nível de evidência na literatura. Isso significa que nem todos os resultados de estudos apontam para o mesmo lado. Alguns não encontraram relação entre praticar exercícios e ter menor risco de desenvolver câncer da próstata. Outros sugeriram este efeito protetor do exercício, mas o benefício desapareceu ao se considerar a influência do IMC sobre os achados. E por fim, pequenos artigos sugerem uma menor agressividade dos tumores e um melhor prognóstico entre os que dedicam maior tempo à prática de atividades físicas aeróbicas em comparação com sedentários.

Já a dieta tem importância na prevenção do câncer da próstata? Vários elementos da dieta já foram associados ao câncer da próstata. Nenhum de maneira definitiva. Estudos robustos que permitam identificar o efeito protetor de uma substância isoladamente são muito difíceis de realizar, implicam em um longo período de observação e são caros. Por isso, deve-se ter cautela na incorporação destas informações preliminares.

O consumo de tomate, mais precisamente de licopeno, teria um efeito protetor para o tecido prostático. Existem vários artigos que enxergaram um benefício do licopeno. Mas há alguns que não conseguiram demonstrar diferença com relação ao grupo que não ingeriu a substância. Com a análise agrupada dos estudos mais relevantes, parece haver uma tendência favorecendo o consumo de licopeno para reduzir o risco de câncer prostático.

Por outro lado, o consumo maior de cálcio parece se associar a um aumento no risco para tumores agressivos. Uma possível interferência sobre a vitamina D e sobre o paratormônio poderia ser a justificativa para este achado. O consumo de substâncias antioxidantes também foi avaliado em estudos publicados recentemente. A vitamina E e o selênio não demonstraram eficácia na prevenção do câncer de próstata. Pelo contrário, o grupo de homens que consumiu 400 unidades de vitamina E diariamente durante cerca de seis anos apresentou uma tendência a aumento nos casos de câncer de próstata.

A quantidade de gordura saturada na dieta parece se correlacionar com a chance de desenvolver câncer de próstata. Até o ômega 3 foi colocado como vilão em algumas publicações, aumentando o risco ao invés de reduzir. Este dado não é sempre demonstrado em estudos nutricionais e parece haver interferência de outros fatores como IMC e atividade física na associação da dieta com as doenças prostáticas. Cuide de sua saúde e já estará ajudando sua próstata! Vale a lembrança de que a obesidade, sedentarismo e fatores dietéticos têm íntima relação, e estudá-los de maneira isolada não é tarefa simples. Certamente esta é uma das razões para a existência de resultados conflitantes na literatura.

Portanto, saiba que apesar dos grandes avanços da medicina nesta área, estes ainda são assuntos polêmicos e alvo de grandes esforços dos pesquisadores. Há mais dúvidas que certezas. O desafio atual é encontrar, além dos fatores de risco, os indicadores de prognóstico que permitam precocemente ao médico saber quais os tumores que merecem ser diagnosticados e tratados de maneira definitiva. O tema pode parecer complexo, mas podemos simplificá-lo: faça a sua parte! Adote hábitos de vida saudáveis! Alimente-se de maneira balanceada, exercite-se regularmente, controle seu peso e você certamente estará melhorando sua saúde, principalmente a cardiovascular. De quebra, talvez você ainda esteja preservando a saúde da sua próstata. Você só tem a ganhar!

Fonte : www.minhavida.com.br

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